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Assistência Social, Direitos Humanos e da Pessoa com Deficiência / Defesa do SUAS

03 de Junho de 2016 18h18

Servidores se organizam para participar de mobilização nacional em defesa do SUAS

KARINE MIRANDA

Michel Alvim

Arquivo

Servidores da Secretaria de Assistência Social e Desenvolvimento Humano de Cuiabá participaram nesta sexta-feira (03) de uma mobilização em defesa do Sistema Único da Assistência Social no país e da recriação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que se fundiu ao Ministério do Desenvolvimento Agrário.

A fusão foi anunciada pelo presidente interino Michel Temer (PMDB), que encaminhou a medida provisória nº 726 reestruturando os ministérios, para aprovação no Congresso Nacional.

Durante a mobilização, o secretário de Assistência Social, José Rodrigues Rocha Júnior, explicou aos servidores a forma com que o movimento deve ser tratado junto aos usuários de assistência social, bem como organizou a participação de Cuiabá na “Mobilização Nacional em Defesa do SUAS, Retrocesso NÃO”, que deve ocorrer nos dias 08 e 09 de junho em várias cidades do país.                                                                             

“Os secretários de Assistência Social do Brasil inteiro estão se mobilizando e convidando as instituições, trabalhadores e usuários da Assistência Social para que possamos manter o Sistema Único da Assistência Social. O que nós temos visto na imprensa, nos últimos dias, é uma fusão dos ministérios e uma confusão de serviços públicos. Isso tem causado muita apreensão por parte de nós, secretários”, explicou.

Isto porque a fusão dos ministérios pode impactar na vida dos usuários da rede sócio-assistencial e até dos municípios, devido à transferência da gestão de alguns programas sociais e até do corte de beneficiários. Um exemplo é o programa Bolsa Família que, conforme já anunciado pela União, deve ser reduzido e gerenciado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Somente em Cuiabá, aproximadamente 22 mil famílias são beneficiárias do programa.

“Todo mundo sabe que a estrutura do INSS não é adequada para o atendimento do público que o instituto atende. As agendas são feitas para dois e até três meses depois. É uma estrutura muito menor do que a da Assistência Social que hoje possui mais de 8 mil unidades do Centro de Referência de Assistência Social em todo o país. Portanto, colocar apenas essa estrutura do INSS para atender a população pobre do Brasil e fazer com que ela tenha dificuldade de acesso é causar prejuízos, sim, para os usuários”, assegurou.

Também faz parte da pauta de mobilização a exigência do fortalecimento do Sistema Único de Assistência Social, bem como a manutenção do financiamento da Política de Assistência Social pela União, Estados e Municípios, cujos repasses não vêm ocorrendo desde  o ano passado. Atualmente, o atraso por parte da União é R$ 1,6 milhão em Cuiabá e mais de R$ 1 bilhão em todo o país.

“Esse recurso seria para darmos continuidade aos programas sociais e realizamos a manutenção das nossas unidades até o final do ano, cumprindo a Lei de Responsabilidade Fiscal, sem deixar dívidas para o próximo ano. É por esses motivos que estamos nos mobilizando. O que interessa para nós é manter os serviços funcionando para aqueles que mais precisam”, afirmou.

José Rodrigues explicou ainda que a mobilização nacional nos dias 8 e 9 de junho não vai interromper os serviços ofertados nas 75 unidades de Assistência em Cuiabá, e tem o único objetivo de esclarecer à população sobre o que está sendo proposto com a fusão dos ministérios. “Vamos explicar o que vai causar de diferença na vida dos nossos usuários com essa proposta do Governo Federal, pois a população precisa saber”, ressaltou.

Além das mobilizações, o município já tem atuado junto ao Colegiado Nacional de Gestores Municipais da Assistência Social (Congemas) para barrar a fusão dos ministérios e frear os possíveis prejuízos já anunciados. Na semana passada, José Rodrigues, que é presidente do Congemas, e outros gestores, discutiram com deputados federais e senadores sobre a situação em que a rede sócio-assistencial se encontra, diante de tantas incertezas.

Na ocasião, foram visitados os senadores Vanessa Grazziotin (PCdoB/AM) e pelos senadores Humberto Costa (PT/PE), Jorge Viana (PT/AC), Randolfe Rodrigues (Rede/AP), Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e Wellington Fagundes (PR/MT), além dos deputados federais Geraldo Rezende (PSDB/MS), Raimundo Gomes (PSDB/CE), Angela Albino (PCdoB/SC), Luciana Souza (PCdoB/PE) e Joaquim Passarinho (PSD/PA).

“Eles vão apreciar a medida provisória e nossa preocupação é de manter o serviço funcionando para a sociedade. Estamos em situação de dificuldade. Já há atraso de repasses por parte do Governo Federal e estamos tentando não interromper os serviços ou mesmo fechar as unidades para que não prejudiquemos aqueles que precisam, que são as pessoas mais pobres. Pedimos a compreensão da sociedade e o engajamento dos nossos usuários nessa luta”, concluiu.

Uma audiência pública já está marcado para acontecer na Câmara dos Deputados, ocasião em que os gestores vão explicar a realidade de cada município. “Vamos ir a Brasília em uma audiência pública para levar a nossa impressão de como tem que funcionar o sistema e a manutenção do Ministério do Desenvolvimento Social faz com que nós tenhamos segurança do comando único da Assistência Social”, finalizou.