Educação / PROJETO / ENCERRAMENTO
07 de Julho de 2017 11h27
Projeto Enkantus encerra atividades do semestre na comunidade São Gonçalo Beira Rio
O projeto de formação continuada da Secretaria Municipal de Educação (SME), que tem duração até outubro, teve a última do semestre no ultimo sábado (01), às 7h30, no quintal da dona Júlia, na comunidade São Gonçalo Beira Rio, em Cuiabá.
O Enkantus – Cuiabá 300 anos!, que recebe este nome em alusão ao encantamento da cultura local, visa valorizar o brincar nas práticas curriculares, por meio das rodas de Siriri, Cururu, cirandas, cantigas e da poesia. Além disso, sua grafia também é uma maneira didática de respeitar o universo das crianças, e de seu mecanismo de aprendizagem.
A anfitriã, Júlia Rodrigues da Conceição, mais conhecida no local por dona Júlia, nasceu na comunidade e é artesã e ceramista há 40 anos. Ela conta que esta é a primeira visita do projeto em sua residência e no bairro e não esconde seu orgulho, por fazer parte do processo de valorização e formação cultural da capital mato-grossense, ao explicar a relação direta que existe entre cultura e educação.
“A cultura e a educação têm que andar juntas, porque quando você tem educação você tem cultura e se você tem cultura, você tem educação. Se você tem educação você certamente não rouba, não agride não ofende. Você aprende a respeitar a diversidade, seja de qualquer etnia e tradições que for”, contou.
Júlia ainda ressalta a seriedade deste trabalho, ao trabalhar o mundo da criança, embora envolto em brincadeiras e no lúdico, pois “Com isso vai formar cidadãos, com raízes, conectados com própria cultura”, justificou.
Outro fator observado durante as atividades foi a questão da influência da tecnologia sobre o brincar, que tem se reduzido diante da proposta do Enkantus. De acordo com a diretora de ensino da Secretaria Municipal de Educação, Zileide Lucinda dos Santos, o projeto, além de resgatar a cultura, também colabora para manter e preservar a visão da criança interior de todos, inclusive dos pequenos.
“Por meio da dança e das cantigas, as crianças se envolvem mais, se movimentam, aprendem e descobrem um pouco mais de como eram as brincadeiras antigas e com isso se desligam um pouco desta sobrecarga tecnológica que existe à sua volta. E ao brincar, resgatam as tradições. E resgatá-las é de fato valorizar a cultura”, frisou.
Já o coordenador de organização curricular, Paulo Santos, alerta para a importância do papel da escola no processo de aprendizagem das crianças. “A partir do momento em que ela [escola] entende que a brincadeira é a ferramenta motivacional das crianças, ela passa a ser um local onde há o prazer de aprender, o que é fundamental no processo cognitivo”, afirma.
Durante a vivência na comunidade, além de cantigas, danças e cirandas, também foram recitados poemas homenageando o viver cuiabano. Além de uma demonstração musical de viola de cocho, do seo Bagi, pai de dona Júlia, e também o morador mais velho do bairro, com 88 anos de idade.
Ao longo do semestre, mais de cem profissionais já participaram da iniciativa, aprendendo e repassando ideais como a valorização do idoso e dos espaços da cidade. Símbolos e locais como a Praça das Lavadeiras no Bairro Lixeira, a Igreja do Rosário e o Monumento dos Bandeirantes já foram estudados.
O segundo semestre terá início no dia 27 de julho, pela manhã, com uma aula teórica.
A comunidade Coxipó do Ouro, Orla do Porto, Praça Ipiranga, Santo Antônio do Leverger e Mimoso são os temas de estudos e vivências do próximo semestre.
O projeto
A iniciativa surgiu em 2015, a partir de uma parceria do grupo Marista de Curitiba, com a Secretaria Municipal de Educação (SME) - onde o grupo trazia a prática do lúdico agregada junto aos currículos escolares, por meio da valorização de sua cultura local.
O Enkantus – Cuiabá 300 anos! Busca trazer um olhar para a cidade, um olhar para a sua história de ontem e a história de hoje. Sua proposta é voltada para a formação continuada de profissionais da educação infantil e todo o trabalho é feito somente com eles.
“A gente busca trabalhar com os educadores porque para passar o conhecimento às crianças, eles deverão de fato conhecer e sentir a fundo a história daquele local, o que ele foi e o que representa hoje. Para não deixar que a memória da cultura local esteja viva só em dias de festividades”, explicou a líder da educação infantil da Coordenadoria de Organização Curricular da Secretaria.
Primeiro, o publico alvo recebe aulas teóricas, envolvendo as mais diversas áreas do conhecimento, tais como história, biologia e agronomia, para conhecer a história da região de estudo. Na sequência apresentam-se em uma escola da localidade de estudo, para professores e estudantes. E os desfechos de estudos de cada local, com a fixação das vivências são sempre realizados com a roda de siriri, apresentada pelos educadores, em um espaço aberto ao público.