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11 de Março de 2011 15h00
Professor da Universidade do Rio de Janeiro avalia impactos ambientais da Lagoa Encantada
O professor doutor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Josemar de Almeida, especialista em avaliação de impactos ambientais, visitou nesta quinta-feira (10-03) o complexo da Lagoa Encantada. O professor estava acompanhado da professora doutora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Eliana Rondon (ex-presidente da Sanecap) e da aluna mestrando do curso de Engenharia de Edificações e Meio Ambiente da UFMT, Heloísa Pimpão, que apresentou sua dissertação que teve como tema “Avaliação de impactos ambientais da ETE Lagoa Encantada” utilizando indicadores ambientais.
O professor doutor Josemar de Almeida explica que como fez parte da banca examinadora da dissertação de Heloísa Pimpão, a visita à Lagoa serviu para comentar o lado prático do que ele viu no trabalho, que procurou avaliar os impactos ambientais e o uso de indicadores para falar da utilidade que tem a estação com seu chamado “multiuso”, já que ela deixou de ser meramente uma estação de tratamento para tornar-se um grande equipamento de uso coletivo.
“Esse seria o grande legado para o público: projetos de educação ambiental, laboratório, pesquisas, enfim, todo esse conjunto de realizações representa um ponto importante de referência, não só do ponto de vista do saneamento, mas também pela função social que cumpre. Eu já tinha vindo aqui, acompanho o trabalho com a professora Eliana Rondon há algum tempo e pra mim é um grande orgulho estar aqui e ver os avanços, quais são as dificuldades e como enfrentá-las”.
O professor ressaltou ainda o mais importante que pode observar é que a Lagoa Encantada passou de um incômodo necessário, que é a estação de tratamento de esgoto, para uma grande vantagem. “E o mais importante é que a sociedade se sente participante disso, sente-se parte integrante desse projeto, mesmo que indiretamente. Pelo que já foi feito e pelo que ainda será posto em prática, a Lagoa Encantada já é uma referência em saneamento para outras cidades do país”.
Conforme Eliana Rondon, que é orientadora de Heloísa Pimpão, o trabalho de dissertação verificou os impactos do sistema de toda a área revitalizada, os impactos sociais, a questão da educação ambiental a que esse espaço tem se destinado, e o impacto causado por outros resíduos (sólidos) dentro dessa área. Foram avaliados e observados também os indicadores que possam medir qual é o real impacto já ocasionado pela implantação do projeto da Lagoa Encantada.
“Nós já verificamos através do estudo que o odor ainda é um problema indicado pela comunidade. Para resolver essa questão estuda-se a implantação de um reator que fará o aproveitamento dos gases causadores desse odor para gerar energia”, explicou Eliana Rondon, acrescentando que foi verificado também como impacto na Lagoa Encantada todo resíduo existente lá dentro (resíduos sólidos provenientes da própria lagoa).
“Como projeção para o futuro destaca-se a importância do projeto Centro de Referência de Reuso da Água (CRRA) dando a esse espaço uma perspectiva de uma estação-escola e laboratório para ser usado para experiências e pesquisas e desenvolvimento de tecnologias de reuso de água”, ressaltou Rondon.
Eliana Rondon disse que acredita que nunca mais ouvirá que a Lagoa de Estabilização vai causar repulsa aos moradores. “Pelo contrário, vai ser um motivo de orgulho. Temos verificado uma demanda espontânea da comunidade e isso é muito importante, esse é o reconhecimento real e concreto de que a Lagoa tem esse papel de inclusão dentro da sociedade. É isso que o trabalho procurou mostrar, que aqui não é mais só uma estação de tratamento de esgoto, mas também um laboratório, um espaço público revitalizado”.
Heloísa Pimpão explica que foi feito uma avaliação dos impactos ambientais de todas as atividades que são realizadas na Lagoa, para isso foram definidos alguns indicadores ambientais. “Verificamos os resíduos produzidos aqui, qual era o destino que estava sendo dado, seu tratamento, odores que causam incômodo à população vizinha. Verificamos também a eficiência do sistema, a qualidade dos efluentes lançados, características do córrego, entre outros”.
Segundo a mestrando também foram observados a aplicação do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) o qual revelou que 39% de área degradada da lagoa está sendo recuperada. “Esses foram alguns dos indicadores utilizados para verificar o impacto ambiental. Concluímos então que a Lagoa, que era uma área abandonada, cheia de entulho e mal vista pela comunidade, depois do projeto de revitalização, se tornou bem mais do que apenas uma estação de tratamento de esgoto, mas também uma estrutura de utilidade pública, que as pessoas utilizam como lazer, estudos, pesquisas e educação”
Concluindo, Heloísa Pimpão destacou que os impactos ambientais positivos sobressaem-se sobre os negativos. “Me interessei por esse projeto por ser algo inovador, que está se tornando uma tendência para as estações de tratamento, de associar um serviço necessário à educação ambiental e interação com a comunidade”.