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05 de Abril de 2011 10h00

Presidente da Sanecap fala a rádio CBN

Neila Barreto/Sanecap

“Nós assumimos na quarta-feira à tarde (30-03), e na quinta e sexta feiras nos reunimos com todas as diretorias para nos passarem inicialmente a situação da Sanecap. A situação é difícil, principalmente de ordem financeira. A capacidade de investimento da Sanecap é muito pequena. Se a gente não tomar algumas medidas administrativas a companhia pode fechar o ano com 10 milhões negativos. Então, é um desafio muito grande, pois a população de muitos bairros está sofrendo com a falta de água”, disse o novo presidente da Companhia de Saneamento da Capital, Aray Fonseca, durante entrevista concedida nesta segunda-feira (04-04), no período matutino, ao programa CBN Cuiabá, na rede CBN AM-590, da Rádio CBN, na capital.

 

“O prefeito Chico Galindo me deu a missão de fazer o melhor para a população de Cuiabá. Como sou originário da saúde, sempre lidei com tratamento, em questões secundárias e terciárias, aceitei a missão. Se pegarmos o índice de mortalidade entre crianças e idosos, é um dado muito alto em Cuiabá em relação às outras capitais, e com certeza uma boa porcentagem desse índice se deve à má qualidade do saneamento básico na cidade. O bom funcionamento desses serviços vai evitar que muitas crianças e idosos morram por causa de diarréia infecciosa, hepatite ou outras doenças transmitidas pela água. Então, estamos aqui procurando fazer o melhor”, destacou Fonseca.

 

“Nos últimos dois meses a arrecadação diminuiu em mais de 1 milhão de reais. Nós precisamos ver o que está causando isso e tentar fazer com que a companhia volte a arrecadar, a crescer e prestar um serviço de qualidade para a população, que é o principal objetivo da companhia”, informou.

 

“Na questão da água, a situação não está tão ruim, 99% da população está recebendo água de qualidade boa, apesar de que neste período chuvoso. Desses 99%, somente 30% que compõe a população central, tem água 24 horas e 69%, que são os bairros da periferia, têm água de forma intermitente, dia sim, dia não. Isso não é o ideal. Precisamos fazer com que a companhia cresça e se desenvolva para que possa atender a totalidade da população”, considerou ele.

 

“Para que isso seja feito precisamos realizar algumas obras como a padronização de ramais, cavaletes, hidrometração e adequações anéis para que chegue água até a essas pessoas. Outro problema são as perdas. Para se ter uma idéia, na região da ETA Tijucal há 79% de perdas. Nós tratamos mais de 880 mil litros de água e só cobramos 179 mil. Há perda física e perda financeira. É água é utilizada pela população, mas não é cobrada. Na região central ainda são redes de cimento amianto, regiões que têm vários vazamentos que precisam ser resolvidos”, citou Fonseca.

 

“Em relação ao esgoto a situação é pior ainda. Nós só temos aproximadamente 30% de esgoto tratado na capital. O resto são galerias pluviais que levam os detritos diretamente para o rio Cuiabá, que já não tem mais condições de absolver essa matéria orgânica. Se não fizermos algo a respeito do esgoto, em breve acabaremos com o rio. A retomada das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é um caminho a seguir”, alertou Aray.

 

“O prefeito Chico Galindo nos orientou para chegarmos a uma solução conjunta. Uma procuradora do município foi nos ajudar, pois ela já conhece os caminhos do PAC. Nos primeiros levantamentos, para resolver o problema do esgoto em Cuiabá precisamos de 577 milhões de reais, e, em uma empresa que está com dificuldades em lidar com despesas correntes, é uma situação difícil. Há uma negociação entre o município e o governo do estado para tentar solucionar esse problema. Nós estamos enfrentando questões burocráticas. O prefeito quer resolver o problema da água e o esgoto da capital, e estamos verificando os trâmites necessários para poder passar um pouco dessa responsabilidade para o governo do estado e a execução das obras”, mencionou ele.

 

“Algumas regiões como a do Pedra 90, as regiões sul e norte como Altos da Serra, já temos os projetos de expansão e, isso é uma prioridade da prefeitura. Já tem uma licitação marcada para o dia 19 desse mês, e assim serão executadas as obras necessárias. Por outro lado, vamos elaborar um plano municipal de saneamento, um levantamento da capacidade financeira da companhia e um levantamento físico de suas estruturas, para então determinar o que é preciso para resolver os problemas’, considerou Fonseca.

 

Quanto aos recursos financeiros necessários Aray Fonseca disse que “para o esgotamento seria necessário 577 milhões, para a água, quase 500 milhões. São mais de um bilhão de reais que precisam ser investidos só em água e esgoto, fora ainda o aterro sanitário. Tudo isso para uma companhia que fecha no negativo de mês a mês”, explicitou Fonseca.

 

Questionado sobre a privatização da Sanecap informou que “não temos posicionamento algum definido, a minha missão é fazer um diagnóstico e procurar uma solução”, concluiu Aray Fonseca.