Notícias

/

02 de Setembro de 2010 14h35

Palestra sobre o abastecimento de água em Cuiabá é proferida para novos funcionários da Sanecap

Rosane Brandão-Assessoria/Sanecap

A historiadora e Jornalista Neila Barreto, Assessora de Comunicação da Companhia de Saneamento da Capital (Sanecap), proferiu palestra nesta quarta-feira (01-09), no Centro de Convivência, sobre a história do abastecimento de água de Cuiabá. A palestra foi voltada para 62 novos funcionários da empresa, que foram aprovados no concurso e passaram a integrar o quadro de servidores efetivos da companhia.

A iniciativa faz parte das atividades do programa ‘Acolhimento Humanizado’, que objetiva recepcionar os novos funcionários e informá-los sobre o ambiente de trabalho e os riscos ocupacionais que poderão encontrar na execução de suas atividades.

Conforme informou Neila Barreto a palestra foi baseada em seu livro “Água de Beber no Espaço Urbano de Cuiabá”, de 2007, que relata a história do abastecimento de água de Cuiabá entre os anos de 1790 a 1886. A jornalista explica que o ponto de partida para sua pesquisa foi 1790 porque foi o ano de inauguração da primeira bica de água de Cuiabá, localizada na praça do Rosário. Esta bica ficou conhecida também como Tanque do Ernesto, porque ficava numa chácara de proprietário de mesmo nome.

A historiadora fez um breve relato de como surgiu a idéia de fazer a pesquisa e porque escolheu o tema. “Entre os anos de 1973 e 2000 eu trabalhei na Companhia de Saneamento do Estado de Mato Grosso, antiga Sanemat, ou seja, durante 37 anos só lidei com água na minha vida. Quando o órgão foi extinto fiquei sem saber o que fazer, pois só havia trabalhado nessa área. Então iniciei meu curso de mestrado em História pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e meu objeto de pesquisa foi a água, onde foquei o Morro da Caixa d’água Velha e as Estações de Tratamento de Água I e II”, relatou Neila Barreto.

Continuando, a historiadora ressaltou que a em sua banca examinadora estava a professora e engenheira Sanitarista Eliana Rondon, ex-presidente da Sanecap, que conheceu seu projeto e gostou tanto que a levou para trabalhar na Sanecap e, ainda, apresentou o projeto para o então prefeito Wilson Santos. O mesmo projeto se transformou em livro e serviu de subsídio para a revitalização destes dois locais. “Foram esse dois projetos que me trouxeram de volta para a Sanecap”, disse Barreto.

A historiadora lembrou que hoje a principal fonte de abastecimento da capital são os rios Cuiabá e Coxipó, mas existem ainda cerca de 80 poços tubulares que também abastecem a cidade. Mas no século XVIII o abastecimento era feito por bicas e poços e, principalmente, pela caixa d’água velha e pelo córrego da Prainha. Existiam três bicas na avenida da Prainha, uma no começo da Getúlio Vargas, outra na Igreja do Rosário (Morro da Luz) e no praça Bispo Dom José, onde ficava o terminal de ônibus.

No século XVIII, segundo a historiadora, o poço era sinônimo de poder, quem tinha um em casa demonstrava que tinha posses. “Durante minha pesquisa descobri também que além de ser instrumento de poder, o poço era considerado uma área de lazer, onde as famílias ficavam em sua volta por horas jogando conversa fora”.

Em sua pesquisa Neila Barreto descobriu várias fontes de água que existiam em Cuiabá e que hoje foram desativadas, como é o caso do ‘Tanque do Baú’, que hoje está embaixo do hospital Fêmina; o chafarizes da praça Ipiranga e da praça Alencastro; poço do Sesc Arsenal; córrego da Prainha; chafariz do Mundéu; reservatório nos fundos da igreja da Boa Morte; e as bicas de ferro Boine Foitaine, que eram pequenas bicas instaladas em vários pontos da cidade. Estas bicas forneciam água potável para a população que não tinha condições de instalar encanamentos em sua casa. “Elas ficaram conhecidas como água potável para pobres”, observou Barreto.

Na palestra foi destacado o Morro da Caixa D’Água, construído em novembro de 1882, como a primeira caixa d’água de Cuiabá. Com capacidade para um milhão de litros de água, ela abastecia a cidade por gravidade, mas só a região central. O restante da cidade era abastecida com bicas. Estudos relatam que na época só quem tinha poder aquisitivo alto recebia água desta caixa, quem era de renda mais baixa usava a água de bicas, que ficavam espalhadas em vários pontos.

“O morro, depois de desativado, ficou abandonado por mais de 50 anos servindo de abrigo para marginais e depósito de lixo. Poucas pessoas sabiam que embaixo daquele morro existia uma caixa d’água de tão bela estrutura. Até que, depois de conhecer o meu projeto, o então prefeito Wilson Santos iniciou as obras de revitalização do local. A partir de 2008, ano de sua inauguração, o morro se transformou em um belíssimo museu servindo de ponto turístico para visitantes de todo o país”, relatou a jornalista.

Neila Barreto destacou também a história das ETAs I e II, que foram revitalizadas também em 2008, e o parque Dante Martins de Oliveira, que abriga a captação de água do Ribeirão do Lipa. “São locais históricos da nossa cidade e que a população precisa conhecer”.