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24 de Fevereiro de 2011 18h00

Oficina de sabão é ministrada na ETE - Lagoa Encantada, no CPA III

Neila Barreto/PMC

“Nós fazemos parte do projeto CRRA. É o Centro de Referência do Reuso da Água. Esse projeto está sendo edificado aqui na Lagoa Encantada. No Brasil existe no Rio de Janeiro (RJ) e, em Mato Grosso, aqui em Cuiabá, então é o segundo do Brasil. Essa construção que vocês estão vendo faz parte do projeto e servirá para implantar um centro de referência de reuso de água. O projeto é apoiado financeiramente pela Petrobrás em quase dois milhões de reais. E junto deste projeto, que está para funcionar dentro de dois anos, nós temos várias outras atividades”, assim abriu a Oficina de Sabão, a filósofa Josita Priante, membro do projeto, ontem (23-02), no período vespertino, no auditório Gonçalo de Almeida, da Estação de Tratamento de Esgoto – ETE Lagoa Encantada, da Companhia de Saneamento da Capital (Sanecap), na capital.

“Vocês sabem que aqui é uma estação de tratamento de esgoto, e quanto menos a gente produz esgoto, mais vamos ter água limpa. Aqui são três lagoas de esgoto. A idéia é criar peixes, na terceira lagoa. Não para comer. Se o peixe tiver vida na lagoa, significa que a água está razoavelmente boa, oferecendo condições de vida para o peixe, ou seja, a água pode ser jogada no rio. Esse trabalho já está monitorando o esgoto da rua, das residências do bairro CPA III. O esgoto que gera mau cheiro, o CRRA já está acompanhando, analisando periodicamente essa água. Então de modo geral, como vocês podem ver, é uma coisa muito boa para a cidade”, explicitou Priante.  

“Todos nós sabemos que óleo não mistura com água, e quando esse óleo vem com  restos de arroz, feijão que são jogados fora, essa sujeira fica impregnada e forma uma crosta. Isso é muito prejudicial ao rio porque impede a passagem da luz e do ar na água, impedindo que os microorganismos ajam para fazer a decomposição dos resíduos. Na terra, o óleo deixa o solo impermeável, não deixando passar nada. Aquele óleo vai infiltrando aos poucos no solo e atinge a água subterrânea. Além disso, o óleo quente jogado no quintal mata os micróbios que ajudam no crescimento das plantas. Então o objetivo dessa oficina é sensibilizar as pessoas para que entendam que precisam mudar de atitude com relação ao uso do óleo utilizado nas frituras”, concluiu Priante.

Segundo João Lira, gerente de lideranças comunitárias da Sanecap, a companhia desenvolve essa oficina há quatro anos nos bairros de Cuiabá. “Toda semana conseguimos alcançar pelo menos 200 pessoas, quase 1000 famílias por mês. Esse trabalho está sendo bastante divulgado nos bairros da periferia, onde não tem muito asfalto, pois são alguns dos bairros mais afetados. Felizmente as famílias têm aceitado muito bem esse trabalho. Costumamos dizer que a Sanecap não é uma “fábrica de sabão”, mas realizamos esse trabalho pensando na preservação da natureza e na economia de gastos com limpeza e prejuízos nas nossas redes de esgoto e tubulações causadas por esse óleo jogado fora, ainda mais na época da chuva. Durante a seca procuramos conscientizar as pessoas a utilizarem a água com racionalidade, para não faltar na casa do seu vizinho. Essa preocupação deve partir não só da Sanecap, mas de qualquer um de nós e de toda sociedade”, observou Lira.

A Sanecap executa esse trabalho junto com a comunidade e os bairros para despertar a sensibilidade das pessoas, no sentido de não jogar o óleo usado fora, se for possível guardá-lo e reaproveitá-lo para usos diversos, como a fabricação de sabão, seria melhor. Vamos mostrar como podemos transformar esse óleo usado em sabão com pouco dinheiro, o que acaba se tornando até um investimento. Com R$ 16,00 reais você pode fazer 100 barras, em pouco tempo de trabalho, o que dá um lucro bom. Então, os benefícios da oficina vão além da conscientização, permite também, aumentar a sua renda mensal, concluiu Lira.

Para Lourdes Teresa da Silva Alves, moradora do bairro CPA III, a oficina foi ótima. “Já tem mais de ano que em casa eu uso tanto o sabão líquido quanto o de barra. Eu uso para tudo! Quando lavo vasilha, com sabão de barra normal, fica aquela crosta na caixa de gordura. Com esse sabão daqui não fica. Eu já uso e é ótimo, muito bom, faço sempre
em casa. Eu não vendo, mas já economizo bastante com sabão, pois não preciso comprar. Isso acaba sendo bom para o meio ambiente também, porque esse sabão rende muito mais. Então, além de não jogar gordura fora, economizo mais água. Antes, com sabão em pó, eu gastava uns seis ou sete daqueles baldes para lavar minha roupa por semana. Agora eu gasto no máximo quatro, é menos água para tirar o sabão da roupa. Toda aquela gordura que ia para o esgoto, agora não vai mais. Desde que eu descobri como fazer esse sabão, eu não compro mais sabão em pó, nem detergente. Minhas amigas aprenderam aqui na Lagoa e me ensinaram, dividimos o custo e distribuímos o sabão entre nós”, ponderou ela.

Entre outras atividades desenvolvidas pelo CRRA estão a análise da água, captação de água da chuva, cursos de uso de garrafa PET, oficina de plantas medicinais e a programação da Agenda Continuada que vai até novembro de
2011, a qual funciona toda quarta-feira, na Lagoa Encantada, no CPA III.

O CRRA é um projeto realizado pelo Instituto de Desenvolvimento de Programas (IDEP),  Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e Companhia de Saneamento da Capital (Sanecap),  patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Ambiental.

 

Informações:
3645-9708