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14 de Outubro de 2010 11h00
Novos concursados conhecem a história da água em Cuiabá
A historiadora e Jornalista Neila Barreto, Assessora de Comunicação da Companhia de Saneamento da Capital (Sanecap), proferiu palestra nesta quarta-feira (13-10), no Centro de Convivência da companhia, sobre a história do abastecimento de água de Cuiabá, tendo como ponto de partida, 1790, quando foi inaugurada a Bica do Rosário, na Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá. A palestra foi dirigida para 80 novos colaboradores da companhia, aprovados no concurso e que passaram a integrar o quadro de servidores efetivos da Sanecap.
A iniciativa faz parte das atividades do programa ‘Acolhimento Humanizado’, que objetiva recepcionar os novos colaboradores e informá-los sobre o ambiente de trabalho e os riscos ocupacionais que poderão encontrar na execução de suas atividades, bem como conhecer a história do saneamento da capital com objetivo de conhecer o cotidiano da água em Cuiabá.
Nesse percurso, Neila Barreto convidou os novos colaboradores a caminharem pelo espaço urbano de Cuiabá de outrora para observar como os rios, os córregos, as fontes, indistintamente saciavam a sede dos escravos, dos pobres livres urbanos e dos homens e mulheres da elite, apontando os instrumentos que eram utilizados para o transporte e posterior uso da água, como as carroças, as pipas e os bois.
Foram apresentados também, os espaços privilegiados de água potável, onde as primeiras penas de água finalmente foram instaladas em Cuiabá, já no final do século XIX, especificamente no ano de 1886. Ela descreveu a contribuição do uso da água na formação urbana da vila colonial e cidade imperial, em que o córrego Prainha já delimitava não apenas o ritmo das atividades como também as direções da ocupação do vale.
O espaço geográfico cuiabano é o espaço social da ocupação da bacia do Cuiabá com as suas fontes e afluentes. Nesse sentido, foi possível aos colaboradores perceberem, com a palestra, a contribuição da água potável na formação da ambiência urbana de Cuiabá. “Não seria exagerado dizer que, sem o rio Cuiabá, não haveria permanência no local”, informou Barreto.
Os novos concursados puderam observar também as políticas públicas de abastecimento de água na capital, entre o final do século XVIII e o final de XIX, resultando em sistemas de captação, tratamento e distribuição do precioso líquido, com aquedutos, chafarizes e a Hidráulica do Porto, além das práticas cotidianas da população para assegurar o seu abastecimento de água potável, sua diversificada utilização e tratamento.
Em sua pesquisa Neila Barreto descobriu várias fontes de água que existiam em Cuiabá e que hoje foram desativadas, como é o caso do ‘Tanque do Baú’, que hoje está embaixo do hospital Femina; os chafarizes da Praça Ipiranga e da Praça Alencastro; poço do Sesc Arsenal; córrego da Prainha; chafariz do Mundéu; reservatório nos fundos da igreja da Boa Morte; e as bicas de ferro Borne Fontaines, que eram pequenas bicas instaladas em vários pontos da cidade. Estas bicas forneciam água potável para a população que não tinha condições de instalar encanamentos em sua casa. “Elas ficaram conhecidas como água potável para pobres”, observou Barreto.
Na palestra foi destacado o Morro da Caixa D’Água, construído em novembro de 1882, como a primeira caixa d’água de Cuiabá. Com capacidade para um milhão de litros de água, ela abastecia a cidade por gravidade, mas só a região central. O restante da cidade era abastecido com bicas. Estudos relatam que na época só quem tinha poder aquisitivo alto recebia água desta caixa; quem era de renda mais baixa usava a água de bicas, que ficavam espalhadas em vários pontos.
“O morro, depois de desativado, ficou abandonado por mais de 50 anos servindo de abrigo para marginais e depósito de lixo. Poucas pessoas sabiam que embaixo daquele morro existia uma caixa d’água de tão bela estrutura. Até que, depois de conhecer o meu projeto, o então prefeito Wilson Santos iniciou as obras de revitalização do local. A partir de 2008, ano de sua inauguração, o morro se transformou em um belíssimo museu servindo de ponto turístico para visitantes de todo o país”, relatou a jornalista.
Neila Barreto destacou também a história das ETAs I e II, as quais foram revitalizadas também em 2008, e o parque Dante Martins de Oliveira, que abriga a captação de água do Ribeirão do Lipa. “São locais históricos da nossa cidade e que a população precisa conhecer”.