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12 de Julho de 2011 13h59
Humanização é a meta do Pronto Socorro de Cuiabá
O Pronto-Socorro de Cuiabá já foi palco de cenas dramáticas. Décadas de falta de investimentos, superlotação e desorganização administrativa provocaram o que passou a se chamar de “caos” na saúde pública da Capital. Doentes sendo atendidos nos corredores e muitas vezes no chão compunham a imagem da crise. Instituição “porta-aberta”, que não pode recusar pacientes, o PS estava – e continua - com a sua capacidade esgotada, acolhendo pacientes de todo o estado. Mais de 50% dos cerca de seis mil atendimentos mensais são oriundos de municípios do interior.
Para enfrentar a crise o prefeito Francisco Galindo formou uma comissão de apoio ao PS e o secretário municipal de Saúde, Antônio Pires, nomeou uma nova diretoria com a missão de levantar os problemas e encaminhar soluções com a celeridade que o momento exigia. Descobriu-se que, apesar de todos os problemas físicos e estruturais, o maior problema do PS estava relacionado a falhas de gestão.
“Estabelecemos metas de curto e médio prazos”, conta o médico Fábio Liberali Weissheimer, que integra a nova diretoria. A primeira providência foi organizar o fluxo de entrada e saída dos pacientes. A reforma da chamada ala nova permitiu a reativação dos 78 leitos das alas amarela e verde e reabriu sete leitos de UTI que estavam fechados. Estas providências tiveram efeito imediato na qualidade dos serviços de urgência e emergência e organizou o fluxo de pacientes. Para a sobrecarregada área de cirurgias ortopédicas, estabeleceu-se uma lista de espera e os pacientes estão sendo operados no próprio PS e nos hospitais contratados pela prefeitura, de acordo com o cronograma.
Outra situação que contribuía para a baixa resolutividade do HPSMC era a falta de manutenção dos equipamentos, de remédios e materiais hospitalares, o que afetava diretamente as funcionalidades do Centro Cirúrgico e das UTIs. Segundo a ouvidora Adriana Cristina Venturoso Aleixo, também integrante da comissão de apoio, muitos equipamentos estavam parados por falta de manutenção preventiva e o almoxarifado desabastecido de materiais e remédios. “Detectamos também a necessidade de reparos na estrutura do prédio. O prefeito autorizou os consertos e compra dos equipamentos e aos poucos esta questão está sendo superada”. Quanto ao desabastecimento, Adriana Aleixo informou que está sendo feito um monitoramento para não deixar faltar medicamentos ou materiais.
No plano administrativo, segundo Fábio Weissheimer, a nova diretoria reforçou o papel das gerências tornando-as “mais proativas na identificação e solução dos problemas. Estamos procurando modernizar e melhorar a performance da gestão para garantir maior qualidade na assistência à população”.
Weissheimer aponta ainda que, sob o comando do secretário Antônio Pires, a nova diretoria voltou a ocupar espaço político para discutir com os mais diversos segmentos o papel no Pronto-Socorro no atendimento de urgência e emergência em Cuiabá. “Temos conversado com o Conselho Municipal de Saúde, com os vereadores, trouxemos a comissão de Saúde da Câmara para conhecer nossa realidade. Temos feito contatos em todas as esferas políticas e também buscamos o apoio do Ministério Público. O Pronto-Socorro atende pessoas da capital e de todo Mato Grosso e precisa da ajuda e compreensão de todos”.
As mudanças e melhorias no Pronto Socorro agora são perceptíveis e já tiveram o reconhecimento do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed), conforme declarações do seu presidente, o médico Ednaldo Lemes. "Quero parabenizar os colegas do Pronto Socorro pela seriedade, agilidade e empenho demonstrados no exercício das suas atribuições, resolvendo as coisas com profissionalismo", declarou durante reunião com os diretores da instituição.
Mesmo ainda com dificuldades pontuais de uma unidade que trabalha no limite da sua capacidade, a situação do Hospital e Pronto-Socorro de Cuiabá é bem diferente hoje. Para o diretor-geral do HPSMC, Ronaldo Taques, a humanização do atendimento à população é o principal objetivo da atual diretoria. “Já conseguimos avançar bastante. Hoje nenhum paciente está sendo atendido no chão, apesar de continuarmos com uma sobrecarga muito grande. As dificuldades persistem, mas a grande missão do Pronto Socorro é salvar vidas e nós vamos continuar nos esforçando para cumpri-la”.