Saúde / Fórum
10 de Novembro de 2016 15h43
Especialista defende investimento prioritário na Atenção Primária da Saúde com foco nos PSFs
Um dos principiais especialistas e estudiosos do País do Sistema único de Saúde (SUS) defendeu nesta quinta-feira (10), durante um debate no 5º Fórum Municípios e Soluções, que sejam priorizados os investimentos na Atenção Primária da Saúde, com o fortalecimento do Programa Saúde da Família (PSFs). Para o professor do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso, Júlio Strubing Muller Neto, estas ações são fundamentais para solucionar alguns dos problemas que os gestores enfrentam hoje.
“Precisamos priorizar e investir em especial nas áreas de prevenção e promoção da saúde por meio da implementação de programas e ações ligadas a atividades físicas, reeducação alimentar, capacitação de profissionais da saúde, e planejamento das ações em conjunto, trabalhadores da saúde e a população", apontou Muller, que foi um dos debatedores desta quinta-feira do tema “Os serviços Complementares de Saúde” durante o fórum, que está sendo promovido pelo Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT) no Hotel Fazenda Mato Grosso.
Muller alertou ainda os novos gestores sobre o que considerou um grande desafio, que é adequar investimentos e políticas públicas às regras impostas pela Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241. A PEC prevê limitações em relação aos investimentos federais no SUS. “Temos dois grandes complicadores: as pessoas envelhecem e, com isso, a tendência é o aparecimento e o aumento de doenças crônicas. O crescimento da população é o segundo fator e estas duas situações requerem cada vez maiores investimentos”, destacou.
Em sua palestra Júlio Muller fez um perfil atual da Saúde e lembrou que na década de 1990 quando o SUS foi criado, a União aplicava 70% dos recursos na saúde e que hoje esse percentual foi reduzido a algo em torno de 42%, enquanto Estados e municípios arcam cada vez mais com os custos, tanto de manutenção como de investimentos.
Ao final de sua fala, o professor deu um recado para os políticos e gestores: “Precisam aprender a considerar as criticas se quiserem atender bem a população. A obrigação governamental com a saúde do povo é o principal conceito e tem de ser feito com base na solidariedade, ou seja, tratar bem quem precisa mais", finalizou.
No mesmo painel, a gerente de Controle, Monitoramento e Avaliação de Serviços de Saúde, da Secretaria Estadual de Saúde do Espírito Santo falou sobre o papel das organizações sociais no gerenciamento do sistema estadual de Saúde. Ela contou a experiência do Espírito Santo e disse que uma das questões mais importantes para o gestor é a inovação.
“O caminho é buscar a inovação na gestão e investir no monitoramento e controle dos serviços prestados. No Espírito Santo, com foco nessas questões e na descentralização, estamos conseguindo melhorar o atendimento à população em toda a rede”, salientou.
No período da tarde, o III Painel do fórum discute a Atuação dos Órgãos de Controle. Nesse painel serão tratados temas como “O papel dos protocolos clínicos no acesso racional a medicamentos”, “Avaliação dos indicadores de políticas públicas de Saúde” e “Logística de medicamentos e avaliação de controles internos municipais”.
Nesta sexta-feira (11), no último dia do Fórum, o secretário de Saúde de Cuiabá, Ary Soares de Souza Junior, participará do quarto painel do 5º Fórum Municípios e Soluções. O painel vai tratar da Prestação de Serviços Médicos e debater temas como avaliação do SUS e controle por parte dos órgãos competentes.