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22 de Setembro de 2010 12h35

Educadores discutem relações étnico-raciais e escola inclusiva

Giovania Teixeira Duarte-Assessoria-SME

Educadores dos municípios das redes de ensino de Cuiabá, Várzea Grande e do estado de Mato Grosso, participam de hoje (22-09) até a próxima sexta-feira do curso de formação de professores do Projeto a Cor da Cultura.

O projeto é fruto de uma parceria entre a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir), Petrobras, Centro Brasileiro de Informação e Documentação do Artista Negro (Cidan), TV Globo e Fundação Roberto Marinho, por meio do Canal Futura.

A Cor da Cultura tem como objetivo colaborar para a valorização do patrimônio cultural afro-brasileiro e ampliação educativa das relações étnico-raciais de crianças, jovens e educadores, disseminando conteúdos teóricos e práticos sobre o tema, através de programas televisivos a serem exibidos em todo o país e do uso sistemático dessa programação em ações educativas, com distribuição de kits pedagógicos e capacitação de educadores de escolas públicas.

Durante a cerimônia de abertura do evento, a diretora de Políticas Educacionais da Secretaria Municipal de Educação de Cuiabá, Ivone Pulquério, ressaltou a importância da parceria entre as diversas entidades envolvidas no projeto e da importância do tema no ambiente escolar e social. “Na rede de ensino de Cuiabá, estamos trabalhando intensamente a diversidade para uma educação inclusiva. Por isso, pedimos aos professores que estão participando desta formação que se atentem para a conexão entre a matriz curricular da escola com o conteúdo trabalhado nesse encontro. Nós podemos fazer a diferença, pois somos educadores e estamos lá na base”.

O curso, de acordo com a coordenadora no programa na TV Cultura, Ana Paula Brandão, é pautado na lei 10639/2003, que torna obrigatória a inclusão de História e Cultura Afro-brasileira nos currículos escolares e está dividido em três etapas. Duas presenciais e uma não presencial.

De acordo com a coordenadora, cada unidade escolar também receberá um kit com materiais que embasarão o trabalho dos professores nas unidades de ensino contendo cadernos para leitura, textos com metodologia, exercícios, jogos, documentários e CDs com ritmos afros. “Com todas essas ações, procuramos construir uma escola mais inclusiva e respeitosa e sem evasão”, analisou.

Na opinião da Profª Drª e coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Raciais e Educação (Nepre) da UFMT, Lúcia Muller, nem sempre a discriminação racial no ambiente escolar é expressa. “Isso, muitas vezes, é manifestado pela indiferença, pela falta de atenção e cuidado”, explica.

Lúcia Muller explica também que tal comportamento não é consciente ao educador, pois o racismo que permeia a sociedade está entranhado. “Esses encontros de debates são fundamentais para a superação dessa condição. O racismo se nutre do silêncio e, quando ele é iluminado, no mínimo, provoca vergonha e, aos poucos, isso vai melhorando. As pessoas se dão conta que é preciso mudar a cabeça e o coração”, concluiu.

Formações como a promovida pela A Cor da Cultura, na avaliação da assessora pedagógica da SME e Mestre em Relações Raciais e Educação na Sociedade Brasileira, Carmem Cinira Siqueira, são fundamentais para diminuir a incidência de atitudes preconceituosas no espaço escolar. “Essa parceria chega em um momento em que estamos dando continuidade ao que preconiza a Lei 10639, implantada desde 2007 na rede. Isso é fazer educação inclusiva”.

Esta é a primeira vez que Mato Grosso é contemplado com programa, que teve início em 2004, e já mobilizou 31 secretarias municipais de educação, 2 mil escolas públicas e comunitárias, 115 ONGs, 20 Universidades, capacitando 3 mil educadores em todo país e atingindo cerca de 90 mil alunos.

 

Mais informações:
(65) 3645-6578