/ VLT X BRT
14 de Janeiro de 2021 08h39
Cuiabanos podem ter certeza de que defenderei seus interesses custe o que custar
Tenho ouvido, com espanto, nos últimos dias, afirmações do governador do Estado em relação à substituição da implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) pelo Bus Rapid Transit (BRT). Espanta-me o tom e a postura, que não são de um estadista, de um representante eleito pelo povo, mas de um autoritário ou de um tecnocrata, que não se preocupa com os anseios da população e acha que não lhe deve satisfações.
Em suas falas, o chefe do Poder Executivo estadual diz que tomou a decisão de trocar o modal que atravessa as principais avenidas de Cuiabá e Várzea Grande com base em informações técnicas, que existem mais de mil e quatrocentas páginas de documentos técnicos demonstrando as justificativas para a troca. Por que então a Prefeitura de Cuiabá não teve acesso a esses documentos? Qual o temor do governo estadual ao se enclausurar em suas ações e não divulgar os dados, já solicitadas pelo Município?
O governador afirma que já começou os projetos do novo modal. Por que ainda não os apresentou à sociedade? Por que não convocou uma audiência pública sequer para que todos pudessem conhecer esse projeto que ele acredita ser o melhor e abrir o tema para discussão entre o Executivo e o Legislativo municipal e a sociedade civil organizada? Por que tudo vem de cima para baixo, atropelando todos os protocolos que se esperam de um gestor equilibrado, democrático, humilde, diplomático e transparente?
Ao invés disso, a autoridade máxima do Estado de Mato Grosso, que, quando prefeito de Cuiabá, assistiu omisso e passivo a cidade que comandava ser rasgada, agora usa e abusa da sua posição de autoridade para menosprezar o papel da Prefeitura da Capital, se negando ao diálogo, apenas comunicando-a de duas decisões unilaterais e até mesmo querendo fazer imposições a respeito da mobilidade urbana que competem tão somente ao Executivo municipal, como tentou fazer ao recomendar que Cuiabá se abstivesse de trocar sua frota de ônibus. Mais do que isso, o autoritarismo se escancarou com o pedido de urgência para que a Assembleia Legislativa votasse a mensagem que tratou sobre a troca de modal e que até já foi sancionada.
O que está por trás dessa recusa ao diálogo com o povo? O que está por trás desse desprezo aos milhares de munícipes que serão afetados diretamente com ações dessa magnitude? É preciso que o governador entenda que Cuiabá e a cuiabania têm poder de decisão compartilhada! Tudo o que venha na contramão disso se trata de uma violência contra Cuiabá e os que aqui vivem. Não se toma uma decisão dessa relevância sem consultar a maior interessada, aquela que será a grande impactada por uma decisão que o governo estadual não tem legitimidade de, sozinho, definir.
Ao comentar sobre o assunto, o governador prefere partir para ataques pessoais e tratar como conflito de interesses entre grupos uma situação que concerne aos usuários do transporte coletivo, aos que trafegam pelas duas maiores cidades do estado, que afeta quase 1 milhão de habitantes de Cuiabá e Várzea Grande, o que demonstra sua falta de respeito para com a coisa pública.
Vou lutar até o fim para garantir o direito dos cuiabanos de serem consultados e de decidir, juntamente com a Prefeitura, a Câmara Municipal e a sociedade civil organizada, o que é melhor para Cuiabá. Estamos estudando todas as medidas políticas e jurídicas possíveis para assegurar isso. Com relação aos recursos que foram negados, até o momento, pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), quero dizer à população que não se tratam do mérito da questão, mas sim à forma e o tempo em que foram apresentados, uma vez que, no Ministério do Desenvolvimento Regional, ainda consta que a obra se trata do VLT.
Pequenas derrotas parciais e momentâneas são o prenúncio de grandes vitórias. Sou a favor da modernidade, da sustentabilidade, dos novos tempos, daquilo que representa o maior conforto, comodidade e respeito para a população. Entendo que o VLT traduz essa virada de página no transporte coletivo com o mote de desenvolvimento urbano. Os cuiabanos podem ter certeza de que defenderei seus interesses custe o que custar e que não verão em mim um gestor omisso e passivo diante de grandes transformações na cidade que jurou cuidar.