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18 de Março de 2011 08h57
Copa e responsabilidade de cada um
A justificativa é simples: além de ser o maior acontecimento esportivo mundial, a Copa do Mundo de Futebol é um grande centro catalisador de negócios que garantem a manutenção da entidade e o cumprimento dos seus objetivos. Por consequência, a entidade delega compromissos geradores de investimentos e legados com objetivo de assegurar qualidade e data irreversível para conclusão.
A simples escolha do país e cidades sedes e os convênios assinados, por si só, não geram direitos adquiridos. O evento é a maior fonte de receita da entidade promotora, assegurando oitenta por cento da sua receita por quatro anos. Portanto, é perfeitamente compreensível que os responsáveis pela organização do evento não devem e não podem se dar ao luxo de claudicar com suas obrigações.
O que acontece em Cuiabá não é um segredo cuiabano, a internet permite que toda e qualquer informação verídica ou não - circule pelo mundo, e sem dúvida dorme e amanhece na mesa dos dirigentes da Fifa. As notícias e críticas construtivas são incorporadas positivamente. As mazelas são conduzidas para o tacho das preocupações e analisadas como um tipo de sinal vermelho, sugerindo uma ameaça aos interesses da Fifa e ao êxito do evento.
A escolha de Cuiabá e Manaus como sedes da Copa do Mundo sobrepõe todas as evidências logísticas, a realidade socioeconômica e desportiva, pois reconhecemos a fragilidade do futebol regional e carecemos de proximidade geoeconômica com os grandes centros brasileiros. Entretanto, por sugestão do Presidente de Honra da Fifa, João Havelange, a escolha foi oportunizada como vitrine de uma realidade marcante onde se expõe para o mundo a exuberância da Amazônia e a tipicidade encantadora do Pantanal mato-grossense.
O legado da Copa do Mundo para Mato Grosso contempla importantes investimentos de infraestrutura na área do turismo, mobilidade urbana, tecnologia de comunicação, segurança, saúde, etc. A Copa permitirá ainda uma excepcional divulgação do estado nos seus diversos aspectos da economia ao turismo, representada por três mil e quinhentas horas de notícias através de televisão, sites, rádios, jornais e revistas para cento e doze países do mundo inteiro.
Esta exposição positiva sem precedentes representará na prática nossa introdução no roteiro turístico internacional e a divulgação do nosso potencial econômico, convidando o mundo dos negócios a investir
A organização dessa complexa máquina capaz de coordenar todos os preparativos para receber o maior evento da história de Mato Grosso está moldada numa estrutura colegiada, autônoma, diversificada e eminentemente técnica, com mandato definido que visa priorizar todas as ações necessárias ao seu desempenho.
Nestes quinze meses de atividades com absoluto respeito à legislação vigente, aos princípios éticos e às boas práticas administrativas, muito já foi feito em termos de planejamento estratégico, alocação de recursos e elaboração dos necessários projetos. Custamos aos cofres públicos nesse período R$ 12,4 milhões e produzimos R$ 2,7 bilhões em recursos que serão aplicados nas obras e melhorias para a Capital e seu entorno.
A Agecopa é o órgão público mais fiscalizado do estado, prestando contas de suas ações ao Tribunal de Contas e Auditoria Geral do Estado que funcionam dentro da própria sede. É o único órgão a receber auditoria concomitante e integral, ou seja, todos os procedimentos administrativos e financeiros são auditados em tempo real, enquanto acontecem.
Nos demais órgãos públicos, a auditoria é por amostragem e após a realização dos procedimentos. Não raro, os órgãos de controle externo impõem mudanças de critérios anteriormente aceitos, motivadas pelo necessário aperfeiçoamento da gestão pública. Conduta correta dos órgãos reguladores, que retarda mas aperfeiçoa em nome da melhor prática de gestão.
Politizar essa organização sui generis, destruir sua blindagem original que afastava as interferências políticas, diminuir os seus méritos, criar ambiente negativo em torno de suas atuações, são atitudes que colocam em risco a nossa condição de cidade sede.
Apesar de todas as dificuldades, a começar pela ausência de projetos para resolver os problemas de mobilidade urbana que consumiram oito meses de trabalho dos técnicos da Agecopa, o saldo de Mato Grosso é muito positivo. Evito comparações com outras sedes para não desmerecer o trabalho de organização da Copa do Mundo por parte dos demais estados brasileiros.
Aceitei participar com idealismo e retidão da difícil missão de coadministrar a organização da Copa. Da mesma forma, a diretoria e o corpo técnico da Agecopa compartilham com o governador Silval Barbosa a responsabilidade de realizar este grande sonho que deixará legados importantíssimos para o conjunto da população. Conspirar contra este objetivo maior é prestar um desserviço a toda a comunidade, é sabotar o sonho de um estado pujante que orgulha a toda a Nação.
AGRIPINO BONILHA FILHO é diretor de Articulação Interinstitucional da Agecopa.