Saúde / DAS MULHERES
03 de Maio de 2017 15h33
Conferencia elenca proposta para melhorar o atendimento às mulheres
Cuiabá realizou nesta terça-feira (2) a sua 1ª Conferência Municipal de Saúde das Mulheres. O evento reuniu no auditório do Sindicato dos Trabalhadores na Educação de Mato Grosso (Sintep-MT), cerca de 120 mulheres, que discutiram os desafios da integralidade com equidade, tema principal do encontro.
Pela manhã, na abertura oficial, a secretaria de Saúde de Cuiabá, Elizeth Lucia de Araujo, destacou a importância da realização da Conferência no atual contexto da Saúde e lembrou que este é um momento de unir forças em defesa do Sistema Único de Saúde, por uma saúde humanizada e inclusiva.
“Daqui tiraremos propostas que irão nortear a política de Saúde voltada às mulheres, nos três níveis de governo, municipal, estadual e federal. São propostas para políticas públicas que garantam o atendimento digno às demandas das mulheres e da população”.
A assistente social e coordenadora geral da Conferência, Glória Maria Grandez, emocionada, falou sobre os recentes conflitos ocorrido em Colniza (MT) e no Maranhão envolvendo assentados e indígenas, onde mulheres também foram vítimas e disse que “ a Conferência tem que ser a voz das mulheres indígenas, catadoras, negras, dos movimentos sociais, e da periferia. O estado tem que ser o máximo para garantir o cumprimento dos direitos da população”.
A Conselheira estadual de Saúde, representante do seguimento de usuários e do Núcleo de Estudos e Organização da Mulher de Mato Grosso (Neom), Ana Maria Boabaid falou da importância e da responsabilidade dos Conselhos de Saúde, e disse que “os Conselhos são os guardiões do SUS”.
Após a abertura oficial da Conferência a Dra. Eliana Maria Siqueira, presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed- MT) falou sobre o tema principal do encontro, “Saúde das Mulheres – Desafios para a Integralidade com Equidade”.
Na sua palestra Eliana Siqueira lembrou que o desafio hoje é inserir a mulher no mundo do trabalho organizado a partir da divisão sexual, do que é ser homem e do que é ser mulher. Uma divisão que estrutura e hierarquiza o mundo do trabalho, com atividades para mulheres e outras para homens, como se fosse um processo “naturalizado”.
Ela lembrou que, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2011, as mulheres são hoje 51,4% da população do país, ou seja, 103,5 milhões e que 37,3% são responsáveis pelo sustento da família. “Vivemos mais que os homens e também adoecemos com mais frequência”.
A medica falou sobre as Reformas Trabalhista e da Previdência e a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher que precisa ser uma estratégia de Estado que permita delinear linhas de cuidado à saúde da mulher, assegurando a integralidade na atenção.
“Reconhecendo que as oportunidades são desiguais para homens e mulheres, o Estado é responsável por manter o equilíbrio, promovendo as Políticas Públicas. Assim, esta Conferencia é um espaço para debatermos ideias que contribuam com o avanço do controle social no SUS e garantam a atenção integral a saúde das mulheres, sem preconceito e discriminação”,
Para a conferencista, as mulheres precisam ampliar a mobilização e, entre outras ações, fortalecer os movimentos sociais além de lutar pela ampliação dos recursos públicos para políticas de saúde, especialmente aquelas voltadas para às mulheres.
Após a palestra magna, as mulheres se dividiram em 4 grupos de trabalho sobre o papel do Estado no desenvolvimento socioeconômico e ambiental e seus reflexos na vida e na saúde das mulheres, o grupo dois discutiu o mundo do trabalho e suas consequências na vida e na saúde das mulheres, o grupo três analisou o eixo sobre vulnerabilidades e equidade na vida e na saúde da mulheres e o quarto e ultimo grupo discutiu questões ligadas as política públicas para mulheres e a participação social.
As propostas tiradas nas discussões tratam desde melhorias na infraestrutura do Serviço de Saúde, inclusive de acessibilidade à mulher com condições especiais até a estruturação de ações de educação permanente para o desenvolvimento de programas e atividades de educação permanente em saúde na modalidade de formadores de multiplicadores, até a implementação das Praticas Integrativas Complementares e toda rede de serviço de saúde de Cuiabá, e outras.
As proposta serão levadas à Conferência Estadual de Saúde da Mulher que acontece neste mês de maio pelos 24 delegados eleitos de forma paritária, representantes dos segmentos de usuários, trabalhadores da saúde e governo e prestadores de serviços.