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O artesão Alcides Ribeiro, de 48 anos, sustenta a família com a produção de violas de cocho. Ele é um dos artistas da Arena Cultural e tem exposto seu trabalho produzindo o instrumento no próprio local, todas as noites.

“Faço viola de cocho desde os 15 anos. Comecei acompanhando meu pai e acabou se tornando meu ofício. Hoje, meus filhos também me ajudam e, dessa forma, já é a quinta geração de artesãos na família”, contou Alcides.

Ele entalha a viola de cocho em um único tronco de madeira ainda verde e seco, utilizando o caxeri (faquinha) e formão. “A produção é 100% artesanal e o segredo do instrumento é a qualidade do pescoço, que tem que ser bem entalhado para ficar redondinho”, revelou.

Para a produção da viola de cocho, o artesão leva de cinco a dez dias, dependendo do tempo que a madeira leva para secar. “Depois de seco e entalhado, colocamos o tampo de figueira ou marupá. Antigamente, a cola era feita da poca de peixe e, depois de triturada, levávamos ao fogo para obter a liga. Hoje usamos cola de madeira mesmo”, explicou.

Ele também contou que as cordas eram feitas das tripas de animais silvestres, como macaco e ouriço, mas atualmente utiliza linha de pesca.

Alcides chega a vender até 50 violas de cocho em um mês. Ele comentou que muitos músicos de fora do Estado descobriram o instrumento e o têm inserido em suas gravações, o que faz com que a viola de cocho se torne reconhecida em todo o país. “Ainda têm aqueles que encomendam para enfeite e para dar de presente aos turistas que visitam Mato Grosso”, comentou.

Alcides é originário do tradicional bairro Dom Aquino, em Cuiabá, mas hoje mantém sua oficina na comunidade de Varginha, em Santo Antônio de Leverger.

Viola de cocho – Símbolo da cultura mato-grossense, o instrumento é usado para tocar as manifestações culturais e populares da região, como siriri, cururu, dança do São Gonçalo e rasqueado, sempre acompanhado pelo ganzá e o tamboril, também conhecido como mocho.

A viola de cocho foi reconhecida como patrimônio nacional e registrada dos livros dos saberes do patrimônio imaterial brasileiro, em dezembro de 2004.